2022: o ano do Open Finance no Brasil

undefined - Leia em 4 minutes
Open Finance

Perguntamos ao nosso co-fundador e Chief Growth Officer, Bruno Loiola, o que podemos esperar do Open Finance em 2022.

Pode-se dizer que 2022 será um ano decisivo para o Open Finance no Brasil. Na sua opinião, o que ainda pode atrasar o seu sucesso?

As instituições financeiras ainda enfrentam o atrito causado pela tecnologia desatualizada, que retarda os processos e dificulta o progresso.

Pode-se observar uma barreira tecnológica entre as empresas e, ainda, o mindset ultrapassado de líderes que continuam dificultando o avanço do Open Finance no Brasil. Trabalhar com provedores que tenham a experiência do desenvolvedor como prioridade é crucial para que as integrações sejam realizadas de maneira rápida, segura e em conformidade com todas as diretrizes de privacidade de dados.

A adoção e o progresso do Open Banking no Brasil dependem significativamente da infraestrutura tecnológica adotada por todos os stakeholders deste ecossistema, bem como incentivar que as mais variadas empresas enxerguem e participem desta iniciativa. É preciso adotar uma arquitetura digital de ponta a ponta que abrace APIs abertas, com análises baseadas em IA.

Um outro ponto que merece destaque é que a maior parte da população ainda não sabe o que é Open Banking, por isso é compreensível que muitos bancos e cooperativas de crédito não estejam com muita pressa de abraçar algo mal definido, pouco conhecido e potencialmente ameaçador ao status quo.


O Open Banking chegou ao seu quarto ano de implementação no Reino Unido. O que podemos aprender com fintechs e players de lá?

Diferentes países estão em diferentes momentos do Open Finance. O PSD2 (regulação europeia) foi o que viabilizou e facilitou os caminhos para que as fintechs surgissem. Como sempre falo, a regulamentação é um fator crucial para o avanço do open banking no Brasil. Digo isso me referindo por exemplo a permissão da atuação dos TPPs - AISP (Account Information Service Provider) e o PISP (Payment Initiation Service Provider) - que facilitam o acesso ao ecossistema open finance.
Sem normas apropriadas para incentivar as organizações a abrirem o acesso aos seus dados, podemos dizer que o open banking no Brasil talvez seja limitado, considerando o tamanho do seu potencial.


Por que o Open Finance é visto como um game-changer?

Em um mundo cada vez mais digital, no qual pessoas de diversos lugares do planeta se comunicam à distância e com qualidade, a mudança para o ecossistema financeiro era uma questão de tempo. São milhares de bancos e fintechs e cada um deles possui as suas próprias APIs. Isso é ultrapassado e os mais diversos sistemas precisam se comunicar urgentemente. Essa é a proposta do Open Banking, transformar um ecossistema dominado pelos bancões e que explora a sociedade por meio de juros altos e condições impraticáveis.

Desde o PIX, o plano é acelerar a transformação por meio de um sistema financeiro aberto, o que mudará para sempre as relações entre instituições financeiras/fintechs, e os milhões de brasileiros, incluindo a bancarização dos mesmos.


Fala-se muito da evolução do Open Banking para o Open Data (ou até mesmo o Open Everything). Como você enxerga esse avanço?

O Open Banking deve ser visto não apenas como um novo tipo de oferta de produtos, mas sim como uma forma de aprimorar e fortalecer o relacionamento com os clientes. Um cenário possível no futuro é a agregação e o compartilhamento de dados em níveis globais entre diferentes setores e indústrias.

Ainda há muito a ser feito nos estágios iniciais do “open x”, mas podemos sim considerar que o open everything chegará a uma capacidade jamais imaginada. Gosto do framework abaixo, que ilustra bem essa evolução que veremos nos próximos anos.


Evolução do Open Banking
https://www.whitesight.net/post/open-banking-to-open-economy

A frase de Philip Kotler representa bem o que falei aqui:

A competição não é apenas entre empresas, é entre ecossistemas de negócios.




O que você acha sobre a declaração da CEO do Starling Bank, Anne Boden: “o open banking fracassou no Reino Unido”?

Podemos observar o movimento expressivo de grandes bancos adquirindo negócios inovadores. Isso prova que grandes empresas estão olhando para o futuro e incorporando inovações que julgam ser imprescindíveis para o sucesso de seus negócios, estão olhando para a experiência do cliente.

É extremamente precipitado falarmos de uma falha na implantação do Open Banking, pois ainda é tudo muito novo na Europa. No Brasil, nem se fala.

É preciso ver cada vez mais produtos realmente úteis para os consumidores para que as pessoas possam enxergar o potencial do Open Finance por meio de casos de uso que vão desde simples incrementações, até soluções que podem revolucionar para sempre a relação das pessoas com os dados.

Posso mencionar também a demanda das novas gerações, que são cada vez mais exigentes e não vão topar compartilhar os seus dados sem ver um caso de uso realmente disruptivo.

Nós da Pluggy estamos aqui para isso, para construir histórias de sucesso junto aos nossos clientes e levar o melhor do open finance para todos os brasileiros. Apostamos e trabalhamos pelo open finance, mas sabemos do longo caminho que há pela frente.


Bruno é graduado em Ciência da Computação pela Universidade Federal de São Carlos e com MBA em IE Business School, Bruno se tornou especialista em Open Banking ao atuar em fintechs na Europa, como a Salt Edge e a Moven, referências em Open Banking no mundo. Bruno também já trabalhou em corporações como a Unilever, atuando pela empresa em diversos países. Também é fundador da Liquidae, primeira plataforma para venda de produtos eletroeletrônicos reembalados do Brasil.